Leonardo tinha sempre um hábito: reunir uma pequena multidão em praça pública para expor suas idéias de engenheiro, pintor, escultor, filósofo, músico ou poeta. Espirituoso, sabia como prender o público com anedotas e fábulas que inventava com grande perfeição, e coma as músicas que tirava de sua lira. "Quem não ama a vida, não a merece", dizia.
Mais do que com suas anedotas e músicas, Leonardo deixava o público boquiaberto com seus mirabolantes projetos. Máquinas capazes de fazer o homem voar, barcos que navegam sob a água, armas infernais de guerra, e ainda profetizava conquistas somente alcançadas séculos depois:
"Com pedra e ferro, tornar-se-ão visíveis coisas que não aparecem”.
"Homens falarão a outros de longínquos países e obterão respostas"
"Imitando os pássaros, o homem ainda aprenderá a voar”.
Afirmando que uma ciência é tanto mais ciência quanto permite conhecer exatamente as coisas, seja o comportamento do vidro ou dos movimentos do estômago, Leonardo afrontou toda a prevenção contra as artes mecânicas que havia pesado sobre a antiguidade, aonde todo aquele que não se ocupasse com a ciência do espírito era relegado a uma categoria inferior. Com ele, imaginar e construir máquinas passou a ser considerada uma pesquisa experimental das leis da mecânica. Por este aspecto, e não pelos engenhos espantosos que idealizou e nunca funcionaram (nem funcionariam), pode ser tido como um dos precursores da metodologia científica.